quarta-feira, 25 de julho de 2012

JACOB RHEINGANTZ e SÃO LOURENÇO DO SUL - II




O projeto

A Colônia de São Lourenço, fundada em 1858 por Jacob Rheingantz na Serra dos Tapes, à margem do rio Camaquã, município de Pelotas - Rio Grande do Sul, desenvolveu-se crescendo e prosperando até atingir sua autonomia sob a forma de município, única e exclusivamente sob a administração privada, sem necessidade de ser encampada pelo governo.
A dedicação de Jacob ao projeto foi muito importante. Do seu ponto de vista, a Colônia de São Lourenço não era apenas uma iniciativa comercial, uma aplicação de capital e trabalho destinada a proporcionar, no futuro, lucros e proveitos compensadores, mas uma obra que realizaria, transformando uma região bruta e agreste num centro humano de atividade produtora, facultando a semelhantes seus a oportunidade de erguer um lar fecundado pelo trabalho num solo que viria a ser dêles, realizando uma aspiração que, na Alemanha, não se tornava possível, contribuindo para o bem estar de muitos e para a incorporação de novas glebas de lavoura às imensidades do jovem Brasil.
Obedecendo a sua inspiração, providenciou logo a construção de sua mansão familiar, a casa de sua residência, no seio da própria Colônia, acompanhando de perto o crescimento de sua obra.        
A entrada na "mansão de Jacob Rheingantz ...
... e sua frente, em 1958.

Em 30 de outubro de 1855, o vereador Domingos José de Almeida, destacado líder da Revolução Farroupilha e uma das mais importantes personalidades da Província, responde a uma consulta de Jacob Rheingantz, estimulando-o a prosseguir no trabalho de colonizar São Lourenço, com os seguintes trechos:





“Importo Vmçe. por apresente de que na Freguezia de    Boqueirão existe um ótimo terreno devoluto, com       proporções para acomodação de mais de quinhentas      famílias que queiram cultivar e enriquecer-se do produto da lavoura e da indústria, que podem          desenvolver pela facilidade de transporte da Lagoa dos          Patos que lhe fica próxima. Não desista do projeto         concebido, contando como deve contar com o franco e          leal apoio do Exmº Sernhor Presidente da Província, e comigo para tudo o mais em que Vmçe. espera ser      prestável.    De Vmçe. At: Vr.Creado as. Domingos José de          Almeida.” (acervo do Museu da Biblioteca Pública Pelotense).

Do trabalho de mestredo de Eduardo Yepsen, 2008, pág. 42, “JACOB RHEINGANTZ e a COLÔNIA DE SÃO LOURENÇO, DESCONSTRUÇÃO DE UM MITO e RECONSTRUÇÃO DE UMA HISTÓRIA”:

            “Em 1857 Jacob Rheingantz formou uma sociedade com José Antônio Oliveira Guimarães, luso-brasileiro muito rico e morador à margem esquerda do rio São Lourenço que já havia doado 1/8 de légua para a construção de um vilarejo no litoral de São Lourenço em 1850. Nesta sociedade, com a finalidade de estabelecer uma colônia agrícola na Serra dos Tapes, num contrato com a duração de 5 anos sujeito a prorrogação se interessante aos dois sócios, Oliveira Guimarães compraria tais terras entre os arroios Grande e São Lourenço, prepararia com antecedência grande quantidade de agasalhos para quando os colonos chegassem, assim como o seu transporte do porto até a “Colônia”, alem de abastecê-los com bovinos, ovinos e aves para criação, podendo ainda tirar o dinheiro a prêmio para as medições das terras compradas e para sua subdivisão; a Rheingantz caberia o encaminhamento dos colonos, por meios legais, para os estabelecimentos coloniais da sociedade, abastecendo-os de comestíveis e ferramentas agrícolas por 6 meses a contar de sua chegada ao porto. Diz, ainda, que o agrimensor Othon Knüppeln foi contratado para os serviços topográficos, e que Oliveira Guimarães conseguiu os recursos, junto a terceiros, para financiar o empreendimento”.

Após estudo detalhado, Jacob Rheingantz comprou do governo imperial, em 30 de dezembro de 1856, oito léguas quadradas pelo preço de meio real a braça quadrada, com a condição de medi-las e demarcá-las no prazo de cinco anos, colonizando-as ao menos com 1440 agricultores de nacionalidade alemã, suiça ou belga. Assinado o contrato, retirou-se da firma de que era sócio, recolhendo o seu capital e a parte dos lucros que lhe cabia, aplicando todos os seus recursos no novo empreendimento. Alem dessa área adquirida do Império, teve de adquirir outras de particulares, para assegurar o acesso à Colônia. Mais tarde comprou de vizinhos diversas posses de terrenos para extensão da Colônia, totalizando no final 12 léguas quadradas, ou seja, 52.000 ha. Mesmo da área de 8 léguas adquiridas do governo, Jacob se viu forçado a comprar aos possuidores de concessões anteriores várias porções, ao que o Governo mandou incorporar áreas contíguas à Colônia a título de compensação. Sòmente em 1892, já sob o regime republicano, o Congresso Nacional, pelo projeto de lei nº 242, mandou abrir um crédito de 114:997$843 para pagar aos herdeiros de Jacob Rheingantz a indenização que lhes era devida pelas áreas que, concedidas, não lhe haviam sido entregues.
Conforme carta que lhe foi escrita pelo seu procurador ou correspondente, Luís Braga, inicialmente pensou Jacob em formar uma empresa colonizadora, com participação de outros sócios para formar o capital necessário. Datada de 31 de março de 1857, tal carta dizia o seguinte:

“Amigo e Senhor. Foi-me entregue o seu favor de 26 do corrente com 16$500 da certidão que eu havia pago ao tabelião Jeremias. Enquanto ao seu negócio da Colônia, não vai muito bem, segundo me disse o Paiva, pois há poucas assinaturas, sendo 2:000$000 do Aníbal, 1:000$000 do Ribas, 400$000 do Eliseu e algo mais. Todavia, o Aníbal foi hoje para a Costa a fim de agenciar assinaturas e pode ser que faça mais alguma coisa. O amigo Paiva me disse que o Dr.Afonso escrivia hoje a Vmcê. São poucos os homens de fortuna, em Pelotas, que possam conhecer as vantagens futuras duma Colônia bem estabelecida, pois só gostam de ver os seus dinheiros amontoados e sem aplicação alguma para benefício seu e do público: esta é a ilustração destes ricos que só enxergam a ponto do nariz. Meus respeitos à sua Família e sou com estima de Vmcê. amigo, obrigado. Luís Braga.”

Não conseguindo, pelos motivos sugeridos pela carta, formar a sociedade que imaginara, decidiu-se Jacob a levar adiante sua empresa individualmente, com seus próprios e exclusivos recursos.
Em maio de 1857, já envolvido na idéia que abraçaria e que considerava quase realidade, viajou para a Europa, obtendo êxito em sua missão. Regressou ainda mais confiante, tratando logo de preparar abrigos para os imigrantes que contratara, que em breve chegariam.
Já em fins de 1857, a 18 de dezembro, na Repartição Geral de Terras Pública, perante o seu Diretor, Conselheiro Manuel Felizardo de Sousa e Melo, assinava um termo de novação do contrato de 30 de dezembro do ano anterior. Tratava-se, pròpriamente, de um adendo ao citado contrato, referindo-se à medição das terras que seria feita pelo próprio Jacob Rheingantz mediante a indenização de 140 réis por braça linear de perímetro medido, cabendo ao Presidente da Província mandar verificar a exatidão das plantas a serem apresentadas em função do progresso da medição, com termo muito minucioso. Outra introdução referente ao contrato original diz que “A subvenção que o Governo Imperial pagaria por pessoa trazida para a colônia passava ao dobro do inicalmente fixado, ou seja, tornando-se 30$000 por imigrante entre 10 e 45 anos de idade, e 20$000 pelos menores de 10 e maiores de 5 anos, aumento esse provàvelmente pleiteado por Rheingantz depois de ter verificado na Europa os preços cobrados pelo transporte dos colonos. Nem a subvenção acrescida cobria mais do que uma parcela do custo da passagem. Tal termo aditivo foi aprovado pelo Ministro do Império em 9 de janeiro de 1958.

Esta postagem baseia-se no livro a ser brevemente editado, deste bloguista, intitulado "Dr.OSCA & SEUS EMPREENDEDORES ANCESTRAIS".

Passagem no rio Camaquã, São Lourenço do Sul, 1958







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