Comendador Carlos Guilherme Rheingantz
Pintura a óleo por Gustavo Rheingantz, pertencente ao autor deste blog |
Em 1857, com oito
anos de idade, viajou sòzinho em navio a vela para Hamburgo, matriculando-se no
curso do profº Dr.H.Schleiden, concluido em 1865, completando sua formação
cultural percorrendo
diversos países europeus, inclusive a Rússia. Regressou a Pelotas decidido a
fundar uma indústria de tecelagem.
Maria Francisca e Carlos Guilherme |
Casou-se em Rio Grande , a 1º de
março de 1873, com D.Maria Francisca de Sá, filha do Comendador Miguel Tito de
Sá e de D.Maria Delfina de Miranda Ribeiro.
Em julho de 1873, juntamente com seu sogro e o alemão Hermann Vater, constituiu a firma
RHEINGANTZ & VATER, com o
capital de 90 contos de réis, montando no mesmo ano a primeira fábrica de
tecidos de lã no Brasil, a Companhia
União Fabril, com sede na mais antiga cidade do
Rio Grande do Sul, fundada em 1737: Rio Grande. As filiais espalharam-se por todo o Brasil, e assim
nasceu a indústria de tecidos de lã no
Brasil. A União Fabril foi a primeira e, por muitos anos, a única no gênero em todo o
país, logo Rheingantz estreitando contatos com os países europeus visitando, constantemente, suas indústrias, daí resultando melhoramentos cada vez maiores nos
estabelecimentos da União Fabril,
sempre antecipada nas realizações do ramo têxtil brasileiro. No começo do
século XX visitou os EUA.
Muito embora
as Indústrias Rheingantz tivessem se estabelecido no extremo sul do país, sua
criação ocorreu em fase tão precoce que é impossível ignorá-las devido ao seu
pioneirismo. Ainda que Pelotas oferecesse maiores recursos financeiros, a
cidade de Rio Grande foi escolhida para sediar essas empresas por ser o único
porto marítimo do estado, por onde passava toda a importação e exportação.
(Günter Weimer, apresentação da obra UMA VILA OPERÁRIA EM RIO GRANDE, de Vivian
da Silva Paulitsch, 2008)
Com o falecimento de Jacob Rheingantz, Carlos Guilherme assumiu a direção dos trabalhos que vinham sendo realizados na colonização de São Lourenço do Sul, passando-a um ano após a seus irmãos por necessitar de dedicação exclusiva sua indústria têxtil em Rio Grande.
Industrial de Chapéus: apesar
do ambiente avesso às realizações industriais, estendeu sua
atividade à cidade de Pelotas adquirindo, em 1881, a Fábrica de Chapéus
Pelotense que ganhou, sob sua orientação, novo impulso e desenvolvimento.
Comendador: em 27 de outubro de 1883, face ao trabalho
desenvolvido para o surgimento e implantação da indústria da lã no Brasil, foi
agraciado por Decreto Imperial com a Comenda da Ordem da Rosa, que lhe foi
entregue por D.Pedro II.
Triticultor: Sempre preocupado com o
progresso, lançou-se Rheingantz na cultura do trigo em escala comercial,
contratando um conhecido técnico alemão que, durante alguns anos, percorreu
detalhadamento o Estado estudando as possibilidades de cada região optando,
afinal, pelo município de Dom Pedrito. Comprou terras para cultivos
experimentais que, com sementes obtidas em várias partes do mundo, não deram
satisfatório resultado econômico, tendo o Comendador se convencido da
dificuldade do cultivo desse cereal em larga escala.
Primeira tecelagem de algodão brasileira: a 11 de fevereiro de 1884 a sociedade RHEINGANTZ & VATER
foi dissolvida, sendo a emprêsa reestruturada sob a forma de Sociedade em
Comandita, sob a razão social de Rheingantz & Cia., e capital social de 600
contos de réis. Foram ampliadas as instalações industriais com a montagem, ao
lado da fábrica de tecidos de lã, de outra destinada ao fabrico de panos de
algodão, a primeira a produzir esses tecidos no Estado do Rio Grande do Sul e no Brasil.
O desenvolvimento das atividades provoca sucessivos aumentos de capital, elevado para oitocentos contos de réis em 1886 e mil contos de réis dois anos após. Nessa época, a fábrica estava bastante desenvolvida fabricando cobertores, panos, capas e sarjas, graças à tenacidade de seu fundador que soube superar as condições de um meio estranho destituído de recursos, apenas um centro de importação e exportação como era a cidade de Rio Grande.
O desenvolvimento das atividades provoca sucessivos aumentos de capital, elevado para oitocentos contos de réis em 1886 e mil contos de réis dois anos após. Nessa época, a fábrica estava bastante desenvolvida fabricando cobertores, panos, capas e sarjas, graças à tenacidade de seu fundador que soube superar as condições de um meio estranho destituído de recursos, apenas um centro de importação e exportação como era a cidade de Rio Grande.
Ryeland |
Corriedale |
Merino Australiano |
Polwarth/Ideal |
Romney Marsh |
A sociedade anônima e a atividade pastoril: em 1891, o Comendador tomou a
iniciativa de juntar à atividade de tecelagem a produção da matéria-prima, a
lã, transformando a Sociedade Comanditária em S.A. - COMPANHIA UNIÃO FABRIL E
PASTORIL, capital de cinco mil contos de réis. Contratando um zootecnista inglês, adquiriu valioso plantel de reprodutores ovinos das raças Merino Australiana, Corriedale, Romney Marsh e Polwarth (Ideal), cuja produção logo foi distribuída para os fornecedores da empresa, assim como alguns poucos exemplares da raça inglesa Ryeland. Durante a revolução de 1893 as tropas cruzaram várias vezes através dos campos de criação de ovinos da empresa, abatendo para seu consumo quase todos os animais incluido o valiosos plantel de reprodutores importados, e o inglês responsável pelo projeto ovino irritou-se e voltou para a Inglaterra.
Não fosse a revolução,
certamente Carlos Guilherme teria contribuído para maior e melhor
desenvolvimento da produção de lã estimulando os estancieiros daquela época.
Em consequência, a denominação da sociedade passou a COMPANHIA UNIÃO FABRIL, em 18 de julho de 1895, reduzindo seu capital
social para 3.500 contos de réis. Ainda nessa ocasião, o Comendador foi
insistentemente convidado por Joaquim Francisco de Assis Brasil para aceitar
candidatar-se à presidência do Rio Grande do Sul, recusando sempre por sua
declarada aversão à política, apesar de ter sido vereador em Rio Grande.
No Rio Grande do Sul, as situações de
desenvolvimento determinadas pelo encilhamento e, mais tarde, pela reforma aduaneira,
durante o governo de Campos Sales, contribuíram para o surgimento de indústrias
e para a expansão do setor têxtil. Assim, excetuando a Cia.União Fabril, todas
as outras fábricas de tecidos do Estado se instalaram no período republicano.
O complexo industrial da União Fabril |
A Cia.União Fabril (ex Rheingantz
& Vater) foi fundada em 1874, em Rio Grande;
a Cia.Fiação e Tecidos
Porto-Alegrense, em 1891, em Porto Alegre;
Santos Bocchi e Cia., Cia. de
Tecelagem Ítalo-Brasileira em 1906, em Rio Grande;
Cia.de Fiação e Tecidos
Pelotense S/A, em 1908, em Pelotas; e a Cia.de Tecidos de Lã,
em 1909, em
Caxias do Sul. (Günter
Weimer, apresentação da obra UMA VILA OPERÁRIA EM RIO GRANDE, de Vivian da
Silva Paulitsch, 2008)
Texto desta postagem adaptado do
livro a ser brevemente impresso “Dr.Oscar”, do autor deste blog.
Visite
outros blogs do mesmo autor:
Olá. Interessante a sua postagem. Li uma pequena nota publicada no jornal Diario Popular de 1893 (01/01/1893) disponível online na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional que falava da aquisição de maquinário e a construção de novo edifício para a fábrica, por isso fui procurar sobre a "Uniao fabril e pastoril". Saudações.
ResponderExcluirDesculpando-me por só agora responder-te, se puderes me passar a nota citada, e alguma outra sobre esse assunto, agradeceria muito. Depois de muito tempo parado, voltarei a me dedicar a este blog. Antecipadamente, obrigado. Meu e.mail é cgrheingantz@gmail.com .
ExcluirMuito boa!
ResponderExcluirSou zootecnista e escrevi um livro sobre produção de lã, porém vou edita-lo e queria mais informações sobre a história da indústria têxtil e tecnificação da produção de matéria prima pré revolução.
Também queria saber como adquirir (se é possível) o livro Dr. Oscar.
Meu contato é amarillo@zootecnista.com.br
Obrigado
Prezado Amarillo. Desculpa-me pelo atraso na resposta, mas ainda não editei o livro Dr.Oscar. Assim que o fizer, comunicar-te-ei. Neste blog, brevemente, estarei publicando um pouco sobre a biografia de Dr.Oscar.
ExcluirSe já publicaste o teu livro, gostaria de saber como consegui-lo. Se ainda estiver em tempo, e quiseres, poderei dar uma olhada se tenho como contribuir com teu importante trabalho.
Meu e.mail é cgrheingantz@gmail.com
Abraço.
Super interessante a história da Indústria Têxtil e tecnificação da produção de matéria prima pré revolução! Tbém gostaria de adquirir um exemplar do livro do Dr.Oscar!
ResponderExcluirPrezado Caio. Ainda não publiquei o livro Dr.Oscar, mas pretendo fazê-lo em setembro próximo quando estaremos comemorando seu centenário de nascimento, e prometo divulgar devidamente.
ExcluirAbraço.
EXCELENTE ESTE TRABALHO BIOGRÁFICO - SOU HISTORIADOR DA CIDADE DE URUGUAIANA, ONDE TEVE UMA FILIAL DA FÁBRICA DE TECIDOS RHENGANTZ - POR GENTILEZA ME CONTACTE - carlosfonttes.2@gmail.com - AQUI FOI CRIADA UMA ESCOLA COM O NOME DO COMENDADOR EM 1928 - TENHO FOTOS E ALGUNS SUBSÍDIOS HISTÓRICOS. NOS DADOS QUE AMIGO COMENTOU NO BLOG, NÃO FALA DESTA FÁBRICA E NEM DO COLÉGIO EM MINHA CIDADE.
ResponderExcluirPrezado Xará.
ExcluirObrigado pelo contato, e tenho muito interesse sobre o que havia, ou há, em Uruguaiana referente à minha família, Rheingantz. Estou voltando a escrever neste blog, e daria uma excelente postagem. Vou contactar-te pelo e.mail, mas estou com algum problema técnico no meu e, no momento, não estou conseguindo enviar ou receber e.mails.
Como, além deste blog e do livro Dr.Oscar, pretendo escrever e editar mais sobre a União Fabril e marca Rheingantz, principalmente no que se refere à tecelagem, seria importantíssima tua colaboração.
Meu e.mail é cgrheingantz@gmail.com
Abraço.