quarta-feira, 11 de setembro de 2019

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE OSCAR RHEINGANTZ




OSCAR LUIS OSÓRIO RHEINGANTZ
CENTENÁRIO DE NASCIMENTO
12 de setembro de 2019


As famílias Osório, Rheingantz e Alves Pereira foram importantes na economia primária e secundária, e na política gaúcha e brasileira, no século XIX e XX, tendo como precursores Jacob Rheingantz (o colonizador e fundador de São Lourenço do Sul), seu filho Comendador Carlos Guilherme Rheingantz (fundou a primeira tecelagem de lã fina brasileira, a União Fabril e Mercantil, em Rio Grande-RS, com a marca RHEINGANTZ), o Cel.Pedro Luis da Rocha Osório (grande charqueador, orizicultor e pecuarista, denominado internacionalmente “Rei do Arroz”), e o Dr.Gervásio Alves Pereira (médico renomado de Bagé, evoluído agropecuarista e destacado político).

Cel.Pedro Luis da Rocha Osório

Comendador Carlos Guilherme Rheingantz

Dr.Gervásio Alves Pereira
Da união dessas famílias, com o casamento de Paulo Affonso de Sá Rheingantz e Marina Alves Pereira Osório, em 12 de setembro de 1919 nasceu Oscar Luis Osório Rheingantz, em Pelotas, herdeiro do espírito, do arrojo e do conhecimento de seus visionários ancestrais.

Marina e Paulo Affonso
 Sua feliz infância deu-se entre a Estância do Cascalho, em Pelotas, e a cidade de Rio Grande. A adolecência aconteceu no Rio de Janeiro, entre esportes e estudos, morando na casa de seus queridos tios Marguerite Grandmasson e Gustavo de Sá Rheingantz – ela uma grande dama de origem francesa, êle médico e artista plástico, pais do grande genealogista Carlos Grandmasson Rheingantz, fundador do Instituto Brasileiro de Genealogia.

Oscar e Paulo Affonso
Apaixonou-se pela bonita carioca Maria Helena Tavares, segunda filha do simpático tabelião Caio Júlio Tavares e de Soluta Tita da Costa Tavares. O inevitável casamento ocorreu em 10 de dezembro de 1942, numa cerimônia simples e agradável na Igreja Nossa Senhora de Copacabana. Tiveram cinco filhos (Márcia, Vera, Carlos Guilherme, Paulo Afonso e Maria Gabriela), 14 netos (Marina, Izabel e Otávio, Ricardo, Maria, José e Pedro; André, Fernando e Mário; Gabriel e Marcelo; João Luis e Carolina ) e 15 bisnetos (Luisa; Felipe e Tomaz; Ana Carolina; Sérgio e João; Helena, Marina e Raul; Artur e Alice; Marcelo e João Felipe; Rodrigo; Antônio).

Maria Helena e Oscar
 Oscar adorava os sogros Caio e Tita, os cunhados Heloisa e Aristides Thibau Guimarães, Maria Amélia e Pedro Nolasco da Cunha Canto, Silvia e Luiz Amaral, Mário da Costa Tavares e suas esposas (foram 3: Yone, Lourdinha e Regina). Considerava-os sua “família afetiva”, com eles mantendo alegre e longa convivência.

Tita e Caio Tavares
Diplomado engenheiro-agrônomo em 1943 pela Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro, no ano seguinte mudou-se o casal com a recém-nascida Márcia para a Estância do Cascalho, em Pelotas-RS, a grande casa ainda em reforma já contando com amplo e agradável escritório para sua primeira atividade profissional: administrar aquele importante estabelecimento, comercialmente denominado Granja Helomar, reduto de muito pioneirismo rural e industrial no charque, arroz, aspargos, figueiras, gado Holandês, avicultura, suinocultura, industrialização de conservas vegetais, dentre outros, sempre com a utilização de “tecnologia de ponta”.

Casa Grande, Cascalho, 1945
A “Granja Helomar” foi fundada por Paulo Affonso de Sá Rheingantz, em 1935, ligada à empresa Viúva Cel.Pedro Osório & Cia.Ltda. Em 1940 assumiu-a por arrendamento, esperando do filho agrônomo um grande desenvolvimento na fruticultura de clima temperado, principalmente do pêssego, e da olericultura tendo, no aspargo, o artigo mais importante. Visava abastecer o mercado estadual de hortigranjeiros e às indústrias de conservas espalhadas por Pelotas e Rio Grande.

Aspectos da lavoura de aspargos, Granja Helomar 1954
De 1944 até 1952 Oscar viajou por quase todo o Rio Grande do Sul e grande parte dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, visitando as mais desenvolvidas empresas agropecuárias e industriais brasileiras (arrozeiras, trigueiras, leiteiras), assim como às têxteis. Conheceu diversas dependências da notável organização Cia.Paulista de Estradas de Ferro, inclusive suas oficinas e horto florestal em Rio Claro, e os empreendimentos agropecuários da Pirelli S.A., da indústria de vidros Santa Marina, das Indústrias Reunidas Matarazzo S.A., de alguns canaviais e usinas da organização Morganti, da Cia.Cinematográfica Vera Cruz, da S.A.Graphicare F.Lanzara, e muitas outras.

Travessia do rio Camaquã, 1949
Oscar e Maria Helena mudaram-se em 1948 para a cidade de Rio Grande, face ao acometimento de grave enfermidade cardíaca por seu pai - diretor responsável pela importante tecelagem Cia.União Fabril com a marca Rheingantz - passando a ocupar o cargo de auxiliar da gerência. Com a morte de Paulo Affonso em 1949, Oscar assumiu a sub-gerência da empresa.

A famosa marca de cobertores, tapetes, ...
Voltou para o Cascalho em 1952, após licenciar-se da União Fabril devido a uma lesão ocular, de forma a levar uma vida mais calma durante sua recuperação.
Casa Grande, Cascalho, 1953
Em 1957 aperfeiçoou-se em administração rural, crédito agrícola, cooperativismo e extensão rural na Universidade de Purdue – Indiana - EUA, ocasião em que visitou diversas criações de gado leiteiro das raças Holandês e Jersey, e em administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas - São Paulo/SP no ano de 1968. Participava de todos os cursos, seminários e encontros referentes à administração em geral, agropecuária, agroindústria, política e Rotary, desde que em datas compatíveis com suas obrigações principais, na maioria apresentando trabalhos, relatórios ou, simplesmente, ouvindo e interlocutando: nunca ficava omisso.


1957 em Purdue, EUA - visita de Oscar a rebanhos leiteiros

1951, Oscar discursa nas bodas de ouro da Swift, Rio Grande
Apaixonado pelo esporte sempre acompanhou em rádios, jornais, revistas e TVs, os torneios e competições de futebol, basquete, vôlei e golfe, as corridas de fórmula 1 e fórmula Indy, atento especialmente ao preferido tênis, por ele praticado desde a infância e à cuja forte 2ª classe do Country Club do Rio de Janeiro chegou. No Rio treinava diàriamente, disputava torneios, muitas vezes assistindo ao parente Álvaro Osório - campeão brasileiro de tênis na época. Foi diretor eleito (1940 a 1942) da Federação Metropolitana de Tênis do Rio de Janeiro, e como parceiros no Country Club do Rio de Janeiro citava Julio Amaral, Miguel de Faria e Jorge Vela, e no Esporte Clube Pelotas o primo Fernando Osório (médico e pecuarista), o amigo Derny Queiroz (era mais velho), e os irmãos Plínio e Claro Pires. Em São Paulo, ainda pequeno, assistia à Majô Rheingantz, destacada tenista paulista e casada com seu tio Adolpho, em torneios esporádicos.
1942 - Oscar (e),\Julio  Amaral, Miguel de Faria e Jorge Vela  
Em 1966 Oscar patrocinou a jovem equipe do Esporte Clube Pelotas no Torneio Infanto-Juvenil Brasileiro de Tênis em Brusque-SC, levando de Kombi o grupo composto por Luis Antônio Aleixo (Chumbinho), João Carlos Martins (Carlinhos), José Roberto Reis (Bebeto), Alberto Socolowsky (este mudou-se pouco depois para Israel), Marco Antônio Moreira, e os saudosos Bruno Russomano de Mendonça Lima e José Ricardo “Tato” Oliveira, alem dos filhos Paulo Afonso e Carlos Guilherme, autor deste blog. Ficaram “alojados” em apartamento do atencioso representante das conservas Helomar em Blumenau, Norberto Köffke. O efeito dessa primeira participação de equipe pelotense em torneio brasileiro de tal envergadura foi inesquecível, com boa atuação de alguns de seus integrantes que chegaram a disputar a terceira rodada e, no futuro, a participar em outras edições desse grandioso evento nacional.
A Kombi que levou a jovem equipe do E.C.Pelotas ao campeonato
brasileiro infanto-juvenil de tênis, 1966, Brusque-SC
Na década de 1990, acostumado a assistir aos treinamentos dos netos José, André, Fernando e Mário, com eles ensaiando algumas jogadas no Dunas Clube onde, seguidamente “batia bola” com outros tenistas, em especial com Marilene Satte Allan. Fernando Rheingantz, de 1998 a 2002 cursando Administração de Empresas e Comércio Exterior no Abbey College (Belmont, Carolina do Norte-EUA), com a primeira bolsa universitária tenística conseguida por pelotense, participou dos torneios universitários por equipe naquele país, ajudando sua Universidade a conquistar, inèditamente, o vice-campeonato regional de 1999 e de 2000, e o campeonato regional em 2001. Quando venceu o torneio de simples “Gardner Webb Invitational de 2001”, realizado na Gardner Webb University – Carolina do Norte, ganhando a final do colega Markus Tell, e o vice-campeonato de duplas (perdendo para a dupla nº 1 da University South Carolina), do qual participaram acima de 60 atletas de 10 universidades, ligou para seu avô, Oscar, que exclamou,emocionado:
“É o maior prêmio por mim recebido: um neto estudar no país que mais admiro jogando meu esporte preferido, vencendo em torneios universitários, por equipe e individuais, dos quais grandes tenistas como Agassi, Connors e Sampras outrora participaram”.
Fernando (d) e sua equipe vencedora do Regional dos EUA de
Tênis, 2001
Na construção e fundação do Dunas Clube de Pelotas (1954), Oscar participou ativamente do projeto, e de sua execução, sob a liderança do Capitão dos Portos Túlio de Azevedo, que foi o primeiro presidente do novo clube. Túlio era genro da então proprietária do imóvel, Maria Osório Vasconcellos, filha do Cel. Pedro Osório. O título nº 1 foi repassado por Maria Helena para o neto Otávio Rheingantz Gomes, após o falecimento de Oscar.
Apoiou a construção do Parque Tênis Clube, em Pelotas, adquirindo 5 títulos, clube nacional e internacionalmente conhecido pelo tradicional Torneio da Páscoa, onde destacados nomes como os do argentino José Agüero, do carioca Jorge Paulo Lehmann (o “dono” da Brahma) e dos pelotenses Fernando José Bertaso e Mauro Brandão, constam na “galeria dos campeões”. Foi solidário e parceiro na fundação ou melhoria de diversas outras entidades esportivas, sociais e filantrópicas de Pelotas, como os clubes Campestre, Comercial e Diamantinos. Em Rio Grande exerceu a vice-presidência, depois a presidência, do Clube de Regatas, marcando sua gestão com a construção de um ginásio para esportes, merecendo o título de SÓCIO GRANDE BENEMÉRITO em 23 de setembro de 1959 (ata nº 40 do seu Conselho Deliberativo).
            Orador da família Osório no centenário de nascimento do Cel.Pedro Osório (1954), e da família Rheingantz no centenário de fundação da Colônia de São Lourenço (1958), neste último dividindo palanque com o governador do estado, Ildo Meneghetti, e com o bispo de Pelotas, D.Antônio Záttera.
1954, Pelotas, inauguração do busto de seu avô

1958, São Lourenço do Sul
            Em Pelotas, após 1952 ocupou a vice-presidência do Centro das Indústrias durante duas gestões, sendo eleito 1º vice-presidente da Associação Comercial, da qual foi diretor em 8 períodos (1960 a 1963, de 1972 a 1979, e de 1982 a 1985) e seu presidente de 1968 a 1971.
Presidente da Associação Comercial de Pelotas, 1968
Assistiu, de 4 a 15 de outubro de 1965, ao “Leilão de Objetos de Arte” da falecida tia Olga Rheingantz da Porciúncula (única filha do comendador Rheingantz, com mais seis irmãos), na mansão à rua Dona Mariana 56 - Rio de Janeiro, com obras de Portinari, Guignard, Gustavo Rheingantz, Tanovx, Longchamps, e de muitos outros artistas, considerado pelo leiloeiro Fernando Mello como “um dos maiores e mais bonitos leilões já realizados na Guanabara”. O alto valor apurado no evento reverteu, quase todo, em benefío da PRÓ-MATRE, excelente maternidade de caridade. Foram destaque as obras “Jovem com Flor”, óleo de Gustavo Rheingantz, 1926, irmão de Olga, e “ O Pequeno Jornaleiro”, óleo de Ergnt Bachmann,  1942, este em benefício da Casa do Pequeno Jornaleiro.

foto leilão Olga R.Porciúncula


      Vitorioso nas atividades profissionais, industriais, políticas e sociais, respeitado tanto pelos correlegionários como pelos adversários políticos, seus relacionamentos pessoais e profissionais, industriais, comerciais ou políticos, faziam-no sempre bem recebido nos diferentes escalões do governo federal, do estadual, e dos municipais, bem como no Congresso Nacional, no Tribunal de Contas da União, e na Assembléia Legislativa gaúcha, mantendo relações diretas com órgãos das Nações Unidas (FISI, FAO, UNESCO), e com estabelecimentos de pesquisa e de crédito governamentais e particulares, nacionais e internacionais.  Projetou-se nacionalmente em defesa do progresso econômico e social da terra gaúcha, concorreu duas vezes a prefeito de Pelotas, e uma a deputado estadual do Rio Grande do Sul - cumprindo mandato como suplente.


Centro das Indústrias de Pelotas, com Hugo Poetsch

Não faltava às reuniões dos “Círculos de Pais e Mestres” nas escolas onde seus filhos estudavam, tornando-se folclórica sua posição no Colégio Estadual Assis Brasil (por volta de 1957), sob riso dos participantes: “O uniforme deveria constar de calças blue-jeans, camisetas de malha branca, e tênis de baixo custo, permitindo a todos adquiri-lo independentemente de poder aquisitivo.”





Não podendo participar dos festejos referentes aos 45 anos de sua formatura (1988), recebeu de seus colegas uma foto com amistoso bilhete. Com MariaHelena compareceu ao “Jubileu de Ouro”, em 4 de dezembro de 1993 no Rio.


Acompanhou e orientou sua mãe, viúva em 1949, apoiando filhos, sobrinhos, genros e noras no que julgasse possível. Embora gostasse de aparentar ser rígido na educação paterna e no trabalho, era muito liberal e tolerante.  Preocupado com o bem estar de Maria Helena, reclamava quando as crianças provocavam barulho, para não atrapalhá-la na leitura ou acompanhamento de filmes e novelas nas rádios e TV. Durante o seu favorito “repórter Esso” (rádio Farroupilha, hora do almoço) pedia silêncio, no que nem sempre era acatado.
Com sua mãe, Marina (e) e Maria Helena, 1977
 Oscar foi o mais importante incentivador da cultura do aspargo no Brasil, vegetal que havia sido introduzido em nosso país por seu pai, Paulo Affonso, multiplicando-o em grande escala na Estância do Cascalho. Daí nasceu a região que concentrou a “maior produção aspargueira da América do Sul” até o final da década de 1970.
Agropecuarista evoluído, destacado empresário da agroindústria, desportista apaixonado, rotariano dedicado, político íntegro, era admirado por aqueles que com êle conviviam. 

Oscar (c) ao assumir a presidência da COOLACTI, da qual foi o principal
articulador para a construção e fundação juntamente com o Dr.Luis Simões Lopes
em 1955, Pelotas-RS
Como dirigente de empresas foi respeitado e amado pelos empregados e funcionários, que sempre reconheceram-no um chefe honesto, justo, progressista e humanitário. Em todos os meios, carinhosa e respeitosamente, era tratado e lembrado como “Dr. Oscar”.

1959 - Oscar paraninfa a turma de Técnicos em Agropecuária do CAVG, Pelotas
Oscar Rheingantz faleceu em Pelotas-RS, cidade onde nasceu e viveu, no dia 23 de abril de 2003, após dois anos de convalescência. O Dr.Clayr Rochefort, redator do Diário Popular e seu amigo pessoal, redigiu e publicou, no dia seguinte, o artigo abaixo. Maria  Helena faleceu, também em Pelotas, a 29 de abril de 2014. Foi um casal muito feliz!!!

Oscar e Maria Helena, natal de 1977.

OSCAR L.O.RHEINGANTZ

por Clayr Lobo Rochefort

Diário Popular, 23 de abril de 2003
“Personalidade de Escol, primava pelo cavalheirismo e pela simplicidade. Por sua vida e sua obra, honrou o precioso legado de seus ancestrais. Engenheiro Agrônomo formado no Rio de Janeiro, Oscar Rheingantz desenvolveu em Pelotas importantes atividades no campo econômico e social, destacando-se a cultura do aspargo, que levou o município à posição de maior produtor do País, do figo, do pêssego e outras frutícolas. Pontificou, também, na criação de gado Holandês, produto básico da Granja Helomar. E foi com essa marca, reconhecida pela alta qualidade, que produziu e comercializou compotas de pêssegos, figos e aspargos, entre outros produtos. Alemanha e França eram os maiores importadores dos aspargos da Helomar. Entre suas realizações cumpre salientar a Cooperativa de Laticínios de Pelotas – Colacti, atual Cosulati, que fundou ao lado de Luiz Simões Lopes e presidiu, sem ser remunerado, por sete anos. Êle via no empreendimento uma nova fonte de produção, emprego e renda, principalmente para o pequeno produtor, e colocava em alta conta a fabricação de leite em pó para distribuição à infância no Brasil e outros países carentes de recursos para esse fim. Altruísta por excelência, o ideal de servir o próximo era uma das características de sua personalidade. Nessa condição, foi governador do Distrito 468 do Rotary Internacional, desempenhando papel importante na realização do Plano de Recuperação da Baixada Sul-Riograndense, que resultaria na barragem do São Gonçalo e obras complementares. Líder empresarial, presidiu a Associação Comercial e o Centro das Indústrias de Pelotas. A melhoria das condições de vida da população era uma de suas preocupações constantes. Dedicado à política e estudioso dos seus aspectos científicos, foi um dos fundadores do Partido Democrata Cristão e preconizava uma reforma política, com a adoção do sistema de eleição por voto distrital. Seu espírito comunitário o levaria a concorrer por duas vezes ao cargo de prefeito de Pelotas e à deputação estadual. Embora suplente, assumiu o mandato quando seu titular, Arnaldo Prieto, ocupou a Secretaria de Estado no governo Ildo Meneghetti. Figura marcante do cenário político, econômico e social, há de merecer a gratidão da sociedade pelotense, que recebeu seu falecimento com imenso pesar”.

1977, os cinco filhos

1992, bôdas de ouro

1999, 80 anos de Maria Helena

2009, Maria Helena com os netos

2009, Maria Helena com os filhos

1977, bodas de 35 anos de casados

1955, Oscar, M.Helena, Marina, Márcia, Carlos Guilherme, Vera e Paulo Afonso

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

BI-CENTENÁRIO DE JACOB RHEINGANTZ


200 ANOS DE JACOB RHEINGANTZ, 10 de agosto de 2017
Por seu tetraneto, Carlos Guilherme Rheingantz

Em Sponheim, Alemanha, a casa onde Jacob Rheingantz nasceu
O empresário Jacob Rheingantz trouxe, durante quatro décadas, um contingente enorme de gente que mudaria as feições econômicas da zona meridional da então Província do Rio Grande do Sul que só se ocupava com a pecuária. (Edilberto Luiz Hammes, março de 2017).

“A agricultura será a salvação da Província do Rio Grande; e os seus filhos que isso reconhecem, muito terão feito na Assembleia Provincial para animar o seu desenvolvimento. O lado norte da Província tendo abraçado com fervor esse ramo de vida, acha-se hoje florescente, enquanto que o sul definha por cuidar meramente do gado vacum. Verdade é que se fizeram algumas experiências com as projetadas colônias do Monte Bonito e do Fragata, mas, ou por falta de vontade ou por esterilidade do terreno, nenhuma das duas chegou a vingar! Hoje as coisas têm tomado outro rumo e, ao que parece, o município de Pelotas passará em breve a ter um estabelecimento colonial graças aos esforços de um estrangeiro ativo e laborioso, o sr. Jacob Rheingantz que, compenetrando-se dessa necessidade, tomou a deliberação de ir à Europa engajar braços. ( capa da edição número 2.703, de 9 de janeiro de 1858, do jornal Diário de Rio Grande)

E foi graças a Rheingantz que nossa Zona Sul começou a desenvolver e a mostrar sua pujança plutonômica no setor agrícola. Trazendo milhares de colonos, especialmente da Pomerânia, num período que durou aproximadamente de 1858 a 1890, Jacob proporcionou a alavancagem do progresso, com a fundação da Colônia de São Lourenço que, à época, fazia parte do município pelotense. (Edilberto Luiz Hammes, março de 2017).



Carlos Guilherme Rheingantz visita Edilberto Hammes,, em São Lourenço,
recebendo deste médico e escritor sua importante obra
"A Imigração Alemã para São Lourenço do Sul".
Antes da fundação da Colônia de São Lourenço, Jacob Rheingantz residira nas cidades de Rio Grande e de Pelotas, com carreira ascendente no comércio local por longos anos, familiarizando-se com as condições regionais de vida, com as realidades presentes e as perspectivas futuras. Teve a idéia e vontade de fundar uma colônia com conterrâneos seus, e as terras que lhe interessaram foram detidamente examinadas e consideradas ideais para a pretendida colonização. Conhecendo as condições de vida na Alemanha, e as aspirações dos elementos que pretendia atrair para povoar essa região virgem, estudou atentamente a legislação brasileira, não só em relação à colonização, prevendo as emergências que poderiam surgir, tudo calculando e medindo. Ao lançar-se ao empreendimento, sabia exatamente quais os fatores a levar em consideração para o seu sucesso. Não era uma aventura.
Houveram tentativas anteriores para a colonização da área escolhida por Rheingantz e Guimarães, tanto por iniciativa privada como provincial. Com a fundação da Associação Auxiliadora da Colonização de Estrangeiros, em Pelotas – 1850, houve apoio aos imigrantes irlandeses que fundaram as colônias D.Pedro II e Monte Bonito, pouco depois por eles abandonadas. Discursos de deputados provinciais, em 1847, comprovam a hipótese do interesse Provincial. (Moacir Böhlke, 2003)

Ainda em 1848, Jacob casou-se com uma enteada de seu patrão, d.Maria Carolina Von Fella (nascida a bordo de uma fragata dinamarquesa ao entrar na barra de Rio Grande, em novembro de 1829), filha legítima e única dos irlandeses barão Carlos Adams Von Fella (morreu afogado) e d.Joanna Hillert Martin. Tiveram 10 filhos, o primeiro batizado de Carlos Guilherme Rheingantz (nascido em abril de 1849) que, mais tarde, fundou a primeira confecção brasileira – conhecida internacionalmente como UNIÃO FABRIL, seus produtos com a marca RHEINGANTZ.

Jacob Rheingantz nasceu no dia 10 de agosto de 1817 na pequena aldeia alemã de Sponheim, então pertencente à Prússia Renana. A família Rheingantz, antes Rheingans, passou a ser conhecida, a partir do ano de 1570, na Rhenania, Bacharach, Steeg, Rheinböllen e Sponheim, região compreendida entre os cursos dos rios Reno e Moselle. Empreendedores, no Brasil seu precursor foi Jacob Rheingantz, fundador da Colônia de São Lourenço no sul do Rio Grande do Sul, e alguns de seus descendentes diretos foram industrialistas, agropecuaristas, comerciantes e políticos destacados, exercendo importante papel na evolução econômica e política gaúcha e brasileira.
Genealogia dos Rheingantz
Antes da fundação da Colônia de São Lourenço, Jacob Rheingantz residira nas cidades de Rio Grande e de Pelotas, com carreira ascendente no comércio local por longos anos, familiarizando-se com as condições regionais de vida, com as realidades presentes e as perspectivas futuras. Teve a idéia e vontade de fundar uma colônia com conterrâneos seus, e as terras que lhe interessaram foram detidamente examinadas e consideradas ideais para a pretendida colonização. Conhecendo as condições de vida na Alemanha, e as aspirações dos elementos que pretendia atrair para povoar essa região virgem, estudou atentamente a legislação brasileira, não só em relação à colonização, prevendo as emergências que poderiam surgir, tudo calculando e medindo. Ao lançar-se ao empreendimento, sabia exatamente quais os fatores a levar em consideração para o seu sucesso. Não era uma aventura.
A Colônia de São Lourenço, fundada em 1858 por Jacob Rheingantz na Serra dos Tapes, à margem do rio Camaquã, município de Pelotas, Rio Grande do Sul, desenvolveu-se crescendo e prosperando até atingir sua autonomia sob a forma de município, única e exclusivamente sob a administração privada, sem necessidade de ser encampada pelo governo. A dedicação de Jacob ao projeto foi muito importante, do seu ponto de vista a colônia não sendo apenas uma iniciativa comercial, uma aplicação de capital e trabalho destinada a proporcionar, no futuro, lucros e proveitos compensadores, mas uma obra que realizaria, transformando uma região bruta e agreste num centro humano de atividade produtora, facultando a semelhantes seus a oportunidade de erguer um lar fecundado pelo trabalho num solo que viria a ser deles, realizando uma aspiração que, na Alemanha, não se tornava possível, contribuindo para o bem estar de muitos e para a incorporação de novas glebas de lavoura às imensidades do jovem Brasil.


Em 1857 Jacob Rheingantz formou uma sociedade com José Antônio Oliveira Guimarães, luso-brasileiro muito rico e morador à margem esquerda do rio São Lourenço que já havia doado 1/8 de légua para a construção de um vilarejo no litoral de São Lourenço em 1850. Nessa sociedade, visando estabelecer uma colônia agrícola na Serra dos Tapes, num contrato com a duração de 5 anos sujeito a prorrogação se interessante aos dois sócios, Oliveira Guimarães compraria tais terras entre os arroios Grande e São Lourenço, prepararia com antecedência grande quantidade de agasalhos para quando os colonos chegassem, assim como o seu transporte do porto até a colônia, alem de abastecê-los com bovinos, ovinos e aves para criação podendo, ainda, tirar o dinheiro a prêmio para as medições das terras compradas e sua subdivisão. A Rheingantz caberia o encaminhamento dos colonos, por meios legais, para os estabelecimentos coloniais da sociedade, abastecendo-os de comestíveis e ferramentas agrícolas por 6 meses a contar de sua chegada ao porto. Diz, ainda, que o agrimensor Othon Knüppeln foi contratado para os serviços topográficos, e que Oliveira Guimarães conseguiu os recursos, junto a terceiros, para financiar o empreendimento. (Eduardo Yepsen, 2008)
Conforme carta que lhe foi escrita pelo seu procurador ou correspondente, Luís Braga, inicialmente pensou Jacob em formar uma empresa colonizadora, com participação de outros sócios para formar o capital necessário. Não conseguindo formar a sociedade que imaginara, decidiu-se Jacob a levar adiante sua empresa individualmente, com seus próprios e exclusivos recursos.
A 18 de janeiro de 1858 chegam os primeiros colonos, 88 pessoas embarcadas no “Twee Vrieden”, em Hamburgo a 31/10/1857, instalando-se nas picadas dos Moinhos e de São Lourenço, onde tudo era mata virgem dotada de madeiras de lei.

Simulação da chegada dos colonos a São Lourenço, arqu.Diário Popular

Desanimada aquela gente, antes tão disposta ao trabalho, coube a Jacob Rheingantz tomar as providências para que não fracassem seus esforços, e as picadas e caminhos foram abertos levantando-se ranchos e acampamentos, adiantando-se prodigiosamente o trabalho de colonização. A cada colono competia uma área de 100 braças de frente por 1000 de fundo, salvo quando na condição topográfica do terreno não fosse permitido tal extensão. Jacob emprestava dinheiro particular para os colonos, devidamente documentado.

Das diversas empresas de colonização no Brasil, sòmente uma iniciativa não malogrou: a colônia de São Lourenço, fundada por Jacob Rheingantz na Serra dos Tapes, à margem do curso sinuoso do Camaquã, município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, vencidas as dificuldades naturais a este gênero de empreendimento desenvolvendo, crescendo e prosperando até atingiu sua autonomia sob a forma de município, única e exclusivamente sob administração privada sem necessidade de ser encampada pelo governo como ocorreu com todas as demais, graças ao espírito com que o fundador concebeu-a e orientou-a, conduzindo o seu desenvolvimento. Jacob dominou todos seus atos e iniciativas com a preocupação pelo empreendimento, como o bem-estar e satisfação dos colonos revelada nas concessões que lhes fez em numerosas ocasiões, pelos auxílios generosos com que favoreceu a criação de escolas e igrejas na colônia e, desde o início, na construção de sua mansão familiar, a casa de sua residência, no seio da própria colônia para estar no centro de sua obra acompanhando, de perto, o seu crescimento.

A casa de Jacob Rheingantz, em São Lourenço do Sul

A angústia com o resultado que, por questão de honra, deveria ser positivo para ele, minou sua saúde e seu coração que de forma fulminante o matou, aos 60 anos de idade, quando se encontrava caminhando pelas ruas da cidade norte-alemã de Hamburgo a procura de novos braços de trabalho para o progresso do Brasil. (Edilberto Luiz Hammes, março de 2017).
Do Barão de Lucena, então Ministro da Agricultura, o pensamento:
“A Colonia de São Lourenço é uma maravilha, e Jacob Rheingantz um benemérito”.
Jacob Rheingantz

Em 18 de janeiro de 1958, o centenário da colonização de São Lourenço do Sul foi devidamente comemorada, com a presença de diversos descendentes, e familiares, de jacob Rheingantz, churrasco e cerveja muito fartos, e presença de autoridades importantes como o governador do RS, Ildo Meneghetti, e o bispo D.Antônio Záttera. Representando a família Rheingantz, o discurso ficou por conta de Oscar Luis Osório Rheingantz. Alguma ilustração dos festejos nas fotos a seguir:


1958 - Oscar Rheingantz discursa, com o gov.Ildo Meneghetti e
D.Antônio Záttera à sua direita

Descendentes de Jacob Rheingantz:  as gregas Victória e Georgina Rheingantz, as duas Marias (espôsas
de Kurt e de Jacques Rheingantz), Maria Helena e Marina Rheingantz, Márcia e Vera, Carlos Guilherme
e Paulo Afonso - 1958
O casal mais velho de colonos, em 1958.










Em 03 de julho recente o jornal O LOURENCIANO, de São Lourenço do Sul, publicou sobre a visita deste autor a Edilberto Luiz Hammes, quando dêle recebeu sua importante obra IMIGRAÇÃO ALEMÃ PARA SÃO LOURENÇO DO SUL, devidamente autografada, em que parte da história de Jacob Rheingantz está muito bem contada.



Em 05 de agosto de 2017, o médico e escritor EDILBERTO LUIZ HAMMES, cujos pentavós eram os avós paternos de Jacob Rheingantz, lançou em São Lourenço do Sul sua nova obra com mais de 900 fôlhas, intitulada DICIONÁRIO DE SOBRENOMES DE ORIGEM ALEMÃ DE SÃO LOURENÇO DO SUL E DAS COLÔNIAS ADJASCENTES. Na oportunidade, Hammes dedicou a obra a Jacob Rheingantz e homenageou seu segundo centenário de nascimento que ocorrerá no próximo dia 10. Descendentes de Jacob estavam presentes, como Francisco Alberto Rheingantz Silveira e Suzana Rheingantz Silveira, acompanhados por Maria Rejane Silveira da Silveira e Fermin Luiz Perez Camisow - todos de Porto Alegre.


Na seleta mesa de lançamento do DICIONÁRIO, da esquerda para a direita estavam Rudinei Härter (Prefeito Municipal), Edilberto Hammes, Dari Pagel (Presidente da Câmara de Vereadores), Francisco Alberto Rheingantz Silveira (representando a família Rheingantz), e Ingolf Kaltbach (advogado e professor, orador oficial), conforme fotos acima e abaixo:


Nesse mesmo dia, no Diário Popular de Pelotas foi publicado o artigo 200 ANOS DE RHEINGANTZ, do autor deste blog.



Bibliografia

1.      Jacob Rheingantz, fundador da Colônia de São Lourenço, seus ascendentes e descendentes – por seu bisneto Carlos Grandmasson Rheingantz, Revista Genalógica Brasileira, 1941, nº 4.
2.      A Colônia de São Lourenço e seu Fundador Jacob Rheingantz – Vivaldo Coaracy, Oficinas Gráficas Saraiva S.A., 1957.
3.      Colônia de São Lourenço – comendador Carlos Guilherme Rheingantz, 1907 (edições em alemão e português)
4.    A Imigração Alemã para São Lourenço do Sul – Edilberto Luiz Hammes, 2014