segunda-feira, 7 de agosto de 2017

BI-CENTENÁRIO DE JACOB RHEINGANTZ


200 ANOS DE JACOB RHEINGANTZ, 10 de agosto de 2017
Por seu tetraneto, Carlos Guilherme Rheingantz

Em Sponheim, Alemanha, a casa onde Jacob Rheingantz nasceu
O empresário Jacob Rheingantz trouxe, durante quatro décadas, um contingente enorme de gente que mudaria as feições econômicas da zona meridional da então Província do Rio Grande do Sul que só se ocupava com a pecuária. (Edilberto Luiz Hammes, março de 2017).

“A agricultura será a salvação da Província do Rio Grande; e os seus filhos que isso reconhecem, muito terão feito na Assembleia Provincial para animar o seu desenvolvimento. O lado norte da Província tendo abraçado com fervor esse ramo de vida, acha-se hoje florescente, enquanto que o sul definha por cuidar meramente do gado vacum. Verdade é que se fizeram algumas experiências com as projetadas colônias do Monte Bonito e do Fragata, mas, ou por falta de vontade ou por esterilidade do terreno, nenhuma das duas chegou a vingar! Hoje as coisas têm tomado outro rumo e, ao que parece, o município de Pelotas passará em breve a ter um estabelecimento colonial graças aos esforços de um estrangeiro ativo e laborioso, o sr. Jacob Rheingantz que, compenetrando-se dessa necessidade, tomou a deliberação de ir à Europa engajar braços. ( capa da edição número 2.703, de 9 de janeiro de 1858, do jornal Diário de Rio Grande)

E foi graças a Rheingantz que nossa Zona Sul começou a desenvolver e a mostrar sua pujança plutonômica no setor agrícola. Trazendo milhares de colonos, especialmente da Pomerânia, num período que durou aproximadamente de 1858 a 1890, Jacob proporcionou a alavancagem do progresso, com a fundação da Colônia de São Lourenço que, à época, fazia parte do município pelotense. (Edilberto Luiz Hammes, março de 2017).



Carlos Guilherme Rheingantz visita Edilberto Hammes,, em São Lourenço,
recebendo deste médico e escritor sua importante obra
"A Imigração Alemã para São Lourenço do Sul".
Antes da fundação da Colônia de São Lourenço, Jacob Rheingantz residira nas cidades de Rio Grande e de Pelotas, com carreira ascendente no comércio local por longos anos, familiarizando-se com as condições regionais de vida, com as realidades presentes e as perspectivas futuras. Teve a idéia e vontade de fundar uma colônia com conterrâneos seus, e as terras que lhe interessaram foram detidamente examinadas e consideradas ideais para a pretendida colonização. Conhecendo as condições de vida na Alemanha, e as aspirações dos elementos que pretendia atrair para povoar essa região virgem, estudou atentamente a legislação brasileira, não só em relação à colonização, prevendo as emergências que poderiam surgir, tudo calculando e medindo. Ao lançar-se ao empreendimento, sabia exatamente quais os fatores a levar em consideração para o seu sucesso. Não era uma aventura.
Houveram tentativas anteriores para a colonização da área escolhida por Rheingantz e Guimarães, tanto por iniciativa privada como provincial. Com a fundação da Associação Auxiliadora da Colonização de Estrangeiros, em Pelotas – 1850, houve apoio aos imigrantes irlandeses que fundaram as colônias D.Pedro II e Monte Bonito, pouco depois por eles abandonadas. Discursos de deputados provinciais, em 1847, comprovam a hipótese do interesse Provincial. (Moacir Böhlke, 2003)

Ainda em 1848, Jacob casou-se com uma enteada de seu patrão, d.Maria Carolina Von Fella (nascida a bordo de uma fragata dinamarquesa ao entrar na barra de Rio Grande, em novembro de 1829), filha legítima e única dos irlandeses barão Carlos Adams Von Fella (morreu afogado) e d.Joanna Hillert Martin. Tiveram 10 filhos, o primeiro batizado de Carlos Guilherme Rheingantz (nascido em abril de 1849) que, mais tarde, fundou a primeira confecção brasileira – conhecida internacionalmente como UNIÃO FABRIL, seus produtos com a marca RHEINGANTZ.

Jacob Rheingantz nasceu no dia 10 de agosto de 1817 na pequena aldeia alemã de Sponheim, então pertencente à Prússia Renana. A família Rheingantz, antes Rheingans, passou a ser conhecida, a partir do ano de 1570, na Rhenania, Bacharach, Steeg, Rheinböllen e Sponheim, região compreendida entre os cursos dos rios Reno e Moselle. Empreendedores, no Brasil seu precursor foi Jacob Rheingantz, fundador da Colônia de São Lourenço no sul do Rio Grande do Sul, e alguns de seus descendentes diretos foram industrialistas, agropecuaristas, comerciantes e políticos destacados, exercendo importante papel na evolução econômica e política gaúcha e brasileira.
Genealogia dos Rheingantz
Antes da fundação da Colônia de São Lourenço, Jacob Rheingantz residira nas cidades de Rio Grande e de Pelotas, com carreira ascendente no comércio local por longos anos, familiarizando-se com as condições regionais de vida, com as realidades presentes e as perspectivas futuras. Teve a idéia e vontade de fundar uma colônia com conterrâneos seus, e as terras que lhe interessaram foram detidamente examinadas e consideradas ideais para a pretendida colonização. Conhecendo as condições de vida na Alemanha, e as aspirações dos elementos que pretendia atrair para povoar essa região virgem, estudou atentamente a legislação brasileira, não só em relação à colonização, prevendo as emergências que poderiam surgir, tudo calculando e medindo. Ao lançar-se ao empreendimento, sabia exatamente quais os fatores a levar em consideração para o seu sucesso. Não era uma aventura.
A Colônia de São Lourenço, fundada em 1858 por Jacob Rheingantz na Serra dos Tapes, à margem do rio Camaquã, município de Pelotas, Rio Grande do Sul, desenvolveu-se crescendo e prosperando até atingir sua autonomia sob a forma de município, única e exclusivamente sob a administração privada, sem necessidade de ser encampada pelo governo. A dedicação de Jacob ao projeto foi muito importante, do seu ponto de vista a colônia não sendo apenas uma iniciativa comercial, uma aplicação de capital e trabalho destinada a proporcionar, no futuro, lucros e proveitos compensadores, mas uma obra que realizaria, transformando uma região bruta e agreste num centro humano de atividade produtora, facultando a semelhantes seus a oportunidade de erguer um lar fecundado pelo trabalho num solo que viria a ser deles, realizando uma aspiração que, na Alemanha, não se tornava possível, contribuindo para o bem estar de muitos e para a incorporação de novas glebas de lavoura às imensidades do jovem Brasil.


Em 1857 Jacob Rheingantz formou uma sociedade com José Antônio Oliveira Guimarães, luso-brasileiro muito rico e morador à margem esquerda do rio São Lourenço que já havia doado 1/8 de légua para a construção de um vilarejo no litoral de São Lourenço em 1850. Nessa sociedade, visando estabelecer uma colônia agrícola na Serra dos Tapes, num contrato com a duração de 5 anos sujeito a prorrogação se interessante aos dois sócios, Oliveira Guimarães compraria tais terras entre os arroios Grande e São Lourenço, prepararia com antecedência grande quantidade de agasalhos para quando os colonos chegassem, assim como o seu transporte do porto até a colônia, alem de abastecê-los com bovinos, ovinos e aves para criação podendo, ainda, tirar o dinheiro a prêmio para as medições das terras compradas e sua subdivisão. A Rheingantz caberia o encaminhamento dos colonos, por meios legais, para os estabelecimentos coloniais da sociedade, abastecendo-os de comestíveis e ferramentas agrícolas por 6 meses a contar de sua chegada ao porto. Diz, ainda, que o agrimensor Othon Knüppeln foi contratado para os serviços topográficos, e que Oliveira Guimarães conseguiu os recursos, junto a terceiros, para financiar o empreendimento. (Eduardo Yepsen, 2008)
Conforme carta que lhe foi escrita pelo seu procurador ou correspondente, Luís Braga, inicialmente pensou Jacob em formar uma empresa colonizadora, com participação de outros sócios para formar o capital necessário. Não conseguindo formar a sociedade que imaginara, decidiu-se Jacob a levar adiante sua empresa individualmente, com seus próprios e exclusivos recursos.
A 18 de janeiro de 1858 chegam os primeiros colonos, 88 pessoas embarcadas no “Twee Vrieden”, em Hamburgo a 31/10/1857, instalando-se nas picadas dos Moinhos e de São Lourenço, onde tudo era mata virgem dotada de madeiras de lei.

Simulação da chegada dos colonos a São Lourenço, arqu.Diário Popular

Desanimada aquela gente, antes tão disposta ao trabalho, coube a Jacob Rheingantz tomar as providências para que não fracassem seus esforços, e as picadas e caminhos foram abertos levantando-se ranchos e acampamentos, adiantando-se prodigiosamente o trabalho de colonização. A cada colono competia uma área de 100 braças de frente por 1000 de fundo, salvo quando na condição topográfica do terreno não fosse permitido tal extensão. Jacob emprestava dinheiro particular para os colonos, devidamente documentado.

Das diversas empresas de colonização no Brasil, sòmente uma iniciativa não malogrou: a colônia de São Lourenço, fundada por Jacob Rheingantz na Serra dos Tapes, à margem do curso sinuoso do Camaquã, município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, vencidas as dificuldades naturais a este gênero de empreendimento desenvolvendo, crescendo e prosperando até atingiu sua autonomia sob a forma de município, única e exclusivamente sob administração privada sem necessidade de ser encampada pelo governo como ocorreu com todas as demais, graças ao espírito com que o fundador concebeu-a e orientou-a, conduzindo o seu desenvolvimento. Jacob dominou todos seus atos e iniciativas com a preocupação pelo empreendimento, como o bem-estar e satisfação dos colonos revelada nas concessões que lhes fez em numerosas ocasiões, pelos auxílios generosos com que favoreceu a criação de escolas e igrejas na colônia e, desde o início, na construção de sua mansão familiar, a casa de sua residência, no seio da própria colônia para estar no centro de sua obra acompanhando, de perto, o seu crescimento.

A casa de Jacob Rheingantz, em São Lourenço do Sul

A angústia com o resultado que, por questão de honra, deveria ser positivo para ele, minou sua saúde e seu coração que de forma fulminante o matou, aos 60 anos de idade, quando se encontrava caminhando pelas ruas da cidade norte-alemã de Hamburgo a procura de novos braços de trabalho para o progresso do Brasil. (Edilberto Luiz Hammes, março de 2017).
Do Barão de Lucena, então Ministro da Agricultura, o pensamento:
“A Colonia de São Lourenço é uma maravilha, e Jacob Rheingantz um benemérito”.
Jacob Rheingantz

Em 18 de janeiro de 1958, o centenário da colonização de São Lourenço do Sul foi devidamente comemorada, com a presença de diversos descendentes, e familiares, de jacob Rheingantz, churrasco e cerveja muito fartos, e presença de autoridades importantes como o governador do RS, Ildo Meneghetti, e o bispo D.Antônio Záttera. Representando a família Rheingantz, o discurso ficou por conta de Oscar Luis Osório Rheingantz. Alguma ilustração dos festejos nas fotos a seguir:


1958 - Oscar Rheingantz discursa, com o gov.Ildo Meneghetti e
D.Antônio Záttera à sua direita

Descendentes de Jacob Rheingantz:  as gregas Victória e Georgina Rheingantz, as duas Marias (espôsas
de Kurt e de Jacques Rheingantz), Maria Helena e Marina Rheingantz, Márcia e Vera, Carlos Guilherme
e Paulo Afonso - 1958
O casal mais velho de colonos, em 1958.










Em 03 de julho recente o jornal O LOURENCIANO, de São Lourenço do Sul, publicou sobre a visita deste autor a Edilberto Luiz Hammes, quando dêle recebeu sua importante obra IMIGRAÇÃO ALEMÃ PARA SÃO LOURENÇO DO SUL, devidamente autografada, em que parte da história de Jacob Rheingantz está muito bem contada.



Em 05 de agosto de 2017, o médico e escritor EDILBERTO LUIZ HAMMES, cujos pentavós eram os avós paternos de Jacob Rheingantz, lançou em São Lourenço do Sul sua nova obra com mais de 900 fôlhas, intitulada DICIONÁRIO DE SOBRENOMES DE ORIGEM ALEMÃ DE SÃO LOURENÇO DO SUL E DAS COLÔNIAS ADJASCENTES. Na oportunidade, Hammes dedicou a obra a Jacob Rheingantz e homenageou seu segundo centenário de nascimento que ocorrerá no próximo dia 10. Descendentes de Jacob estavam presentes, como Francisco Alberto Rheingantz Silveira e Suzana Rheingantz Silveira, acompanhados por Maria Rejane Silveira da Silveira e Fermin Luiz Perez Camisow - todos de Porto Alegre.


Na seleta mesa de lançamento do DICIONÁRIO, da esquerda para a direita estavam Rudinei Härter (Prefeito Municipal), Edilberto Hammes, Dari Pagel (Presidente da Câmara de Vereadores), Francisco Alberto Rheingantz Silveira (representando a família Rheingantz), e Ingolf Kaltbach (advogado e professor, orador oficial), conforme fotos acima e abaixo:


Nesse mesmo dia, no Diário Popular de Pelotas foi publicado o artigo 200 ANOS DE RHEINGANTZ, do autor deste blog.



Bibliografia

1.      Jacob Rheingantz, fundador da Colônia de São Lourenço, seus ascendentes e descendentes – por seu bisneto Carlos Grandmasson Rheingantz, Revista Genalógica Brasileira, 1941, nº 4.
2.      A Colônia de São Lourenço e seu Fundador Jacob Rheingantz – Vivaldo Coaracy, Oficinas Gráficas Saraiva S.A., 1957.
3.      Colônia de São Lourenço – comendador Carlos Guilherme Rheingantz, 1907 (edições em alemão e português)
4.    A Imigração Alemã para São Lourenço do Sul – Edilberto Luiz Hammes, 2014

Um comentário:

  1. Linda a história dos imigrantes alemães e pomeranos da colônia São Lourenço pelotense. Hoje São Lourenço é um município. Só para colaborar, até hoje existe em Pelotas e Capão do Leão dezenas de famílias com sobrenomes britânicos. O maior exemplo é a ETA SINNOTT em Monte Bonito, onde destacadamente mostra a presença britânica, família de origem irlandesa (1852). Sou Etepeano pelotense descendente de britânico (1840) por parte de pai, Inventor premiado Talento Brasileiro - SESI/Jornal do Brasil/INPI e graduado em História-Licenciatura pela ULBRA. Acredito que os imigrantes britânicos deveriam ser reconhecidos pela qualidade e não quantidade de elementos humanos na Colônia Dom Pedro II e serem considerados pela sua contribuição de feitos maravilhosos em Pelotas. O MUSEU DA BARONESA era da esposa de Anibal Maciel, senhora Amélia HARTLEY, filha de ingleses, a Pousada Santa Rita pelotense é do sennhor CLARK descendente de escoceses. Fechando a Caixa de Água de Ferro Gigante em frente a Sta. Casa de Misericórdia pelotense é britânica, que foi tombada pelo IPHAN. Existem outros feitos dos britânicos em Pelotas, mas o importante é que salientei estes fatos. Nunca devemos desprezar ou ignorar outras etnias, principalmente quando contribuíram tanto. Encerrando, até o grande Jacob Rheingantz casou-se com uma moça de sangue irlandês, conforme salientado no histórico acima publicado pelo descendente do Rheigantz, SENHOR CARLOS GUILHERME RHEINGANTZ. Meu e-mail: oscarwother@live.com

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